segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Quaresma 2007 - Tempo e Espiritualidade

Ainda não vai longe o Tempo de Natal e a Igreja convida-nos a viver a Quaresma. Os tempos sucedem-se e a Liturgia também não pára, como escola de Fé. A Liturgia tem dois grandes Pólos - Natal e Páscoa – com os respectivos tempos preparatórios. A Quaresma é o tempo litúrgico que prepara a Solenidade da Páscoa. Este ano será de 21 de Fevereiro a 5 de Abril, excluindo a Missa da Ceia do Senhor, que já pertence ao Tríduo Pascal. Surgiu esta tradição na disciplina da Igreja no Séc IV, após a “Paz de Constantino”, quando multidões quiseram fazer parte da Igreja. O nome vem do I Domingo da Quaresma, “Quadragesima die”, que significava 40º dia anterior à Páscoa. Facilmente foi associado também aos quarenta dias do Jejum e de Deserto vividos pelo Senhor, antes de iniciar a vida pública. Para dar certo o número de dias, pelo facto de nunca se ter jejuado ao Domingo, antecipou-se o início da Quaresma para 4ª feira de Cinzas e manteve-se a disciplina de não jejuar nos Domingos deste tempo.
A este Tempo litúrgico está associada a Penitência pública e o Catecumenado. A penitência, que caiu em desuso, mas ficou no Espírito do tempo quaresmal, como consciencialização do pecado, arrependimento e conversão (reparação do mal e emenda de vida). Recomenda-se a confissão ao menos uma vez em cada ano. Em São Miguel de Souto será agendada vicarialmente pelos sacerdotes dia 16 de Março às 15h e às 21h. O Catecumenado, como preparação para o Baptismo dos adultos, foi restaurado pelo Concílio Vaticano II, e permanece, não só para a respectiva preparação baptismal de adultos, como espiritualidade recomendada a todos os cristãos que renovam as suas promessas baptismais na Páscoa, nomeadamente na Vigília Pascal. Para esta vivência exercita-se a prática do Jejum, da esmola e da oração, como ascese cristã, a Leitura da Palavra de Deus e a Caridade fraterna, pela partilha sincera. Estas práticas são também recomendadas a todos nós, nesta Quaresma.
A prática penitencial, para ter um carácter comunitário, continua a ser recomendada nomeadamente pelo Jejum e pela abstinência. Embora já não sejam significativos os actos para muitos cristãos, continua a ser recomendado o jejum (não comer e lembrar os que passam fome) para os cristãos dos 18 aos 59 anos, excepto por dispensa médica ou por outra causa que seja de força maior, na Quarta feira de cinzas e Sexta feira santa. E também é recomendada a abstinência de carnes (ou outros alimentos ou gestos com maior significado) para os maiores de 14 anos. Mantém-se também o contributo penitencial, oferta que é fruto das nossas renúncias quaresmais, cuja finalidade é destinada pelo Senhor Bispo, e destina-se sempre à caridade ou a actos de beneficência.
Na liturgia tudo é sóbrio, desde a cor roxa dos paramentos, até à supressão do aleluia no canto e dos instrumentos musicais, excepto para acompanhamento, e de todos os gestos festivos, nomeadamente as flores e os adornos.
Faço votos que possa ser para todos um tempo de profunda conversão pessoal e de maior comunhão e adesão a Cristo.

O Pároco.

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