segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A propósito do referendo: D.José Policarpo - Grande Entrevista (25 Jan)

O cardeal-patriarca de Lisboa admitiu ontem que o "sim" à despenalização do aborto poderá sair vencedor do referendo de 11 de Fevereiro. "O 'sim' tem possibilidades de ganhar, tal como o 'não' também tem. Tenho um grande desejo de que o 'não' ganhe, mas não faço prognósticos", disse D. José Policarpo numa entrevista à RTP."As missas não são lugar de campanha", afirmou o cardeal, demarcando-se das "declarações menos felizes" de alguns membros da Igreja portuguesa, nomeadamente a comparação entre a prática de um aborto e a execução de Saddam Hussein. Estas declarações, na sua opinião, "correm o risco de desajudar, na medida em que aumentam a confusão", e só podem ser "fruto do calor desta campanha"."O nosso papel deve ser muito sereno", disse D. José Policarpo, reiterando as tradicionais posições da Igreja Católica na rejeição total ao aborto - oposição que se estende à lei de 1984, hoje em vigor. "Sob o ponto de vista moral, a Igreja não pode concordar com a actual lei", sublinhou.A proposta de despenalização que irá a referendo a 11 de Fevereiro, no entender do patriarca, "cria um atentado contra a vida". Daí a posição que a hierarquia católica vem revelando, apesar de D. José Policarpo ter chegado a prometer que a Igreja se manteria à parte da campanha. "Tirar a vida, seja de quem for, não deve ser transformado num direito", acentuou o cardeal, entrevistado por Judite Sousa. A despenalização total defendida por Marcelo Rebelo de Sousa na RTP - "com surpresa minha", confessou o cardeal - é inviável, pois "não é possível despenalizar sem legalizar".
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